SEM BASE NO CONGRESSO, BOLSONARO SOFRE DERROTAS INÉDITAS
EM DECRETOS, VETOS E MPs
Neste primeiro ano de governo, Jair
Bolsonaro já é o presidente da República com o maior número de
iniciativas do Executivo derrubadas pelo Congresso
Nacional, como medidas provisórias, vetos e decretos.
A avaliação de líderes ouvidos
pelo blog é que, ao optar por não formar um governo de coalização, Bolsonaro
reforçou a posição de independência do Legislativo.
Alguns deputados e senadores já
classificam o momento como uma espécie de “parlamentarismo branco”.
"Apesar de o Congresso ter aprovado
a reforma da Previdência e ter blindado a agenda econômica, nos
demais temas de proposição do Executivo há uma independência. Essa pauta de
costumes, por exemplo, está fora do nosso radar”, resumiu ao blog um integrante
da cúpula da Câmara.
Até o momento, o Congresso já
derrubou nove medidas provisórias – uma foi rejeitada e as demais caducaram por
falta de votação em plenário. Bolsonaro também já teve oito vetos derrubados, inclusive
na análise da Lei de Abuso de Autoridade.
A avaliação entre parlamentares é que cria-se uma
insegurança jurídica no país, pois, ao enviar medidas provisórias sem antes
negociar com o Congresso, o governo cria legislações com prazo de validade de
apenas 120 dias.
O governo também sofreu derrotas com decretos
presidenciais.
Em fevereiro, a Câmara
derrubou o decreto que alterou regras de transparência ampliando
a lista de servidores com poder para classificar documentos como sigilosos. Com
isso, impôs a primeira derrota ao governo, num claro recado ao Palácio do
Planalto.
Em junho, o presidente Jair Bolsonaro teve que recuar
e revogou
dois decretos que facilitavam o porte de armas de fogo assinados
em maio. No lugar, o presidente enviou um projeto de lei sobre o mesmo tema e
editou novos decretos.
“Antes de mandar qualquer proposição ao Legislativo,
o governo precisa conversar e convencer o parlamento”, observou esse
parlamentar.
O governo foi derrotado até mesmo no Supremo Tribunal
Federal (STF)
ao insistir
em reeditar uma medida provisória já derrubada pelo Congresso. O
texto transferia a demarcação de terras indígenas da Funai para o Ministério da
Agricultura. Em agosto, por unanimidade, o
STF manteve a medida suspensa.